Projeto “Estação” lança material inédito sobre ferrovias. Itabira é um dos cenários

O projeto “Estação” tornou público um rico levantamento histórico-cultural sobre a memória ferroviária de sete territórios em Minas Gerais, Itabira e outras seis cidades: Antônio Dias, Barão de Cocais, Belo Horizonte, João Monlevade, Nova Era e Rio Piracicaba. Essas sete localidades compõem o trecho de atuação do projeto em 2025, que visitará ao todo 30 cidades, até 2028. O material já está disponível ao público e representa contribuição inédita para a valorização das identidades locais que se formaram no entorno da ferrovia.
O documento resgata histórias, saberes e patrimônios de comunidades interligadas pela presença da ferrovia Vitória-Minas. Mais do que o registro de fatos ou datas, a pesquisa lança um olhar sensível sobre a vida cotidiana, os saberes tradicionais e as manifestações culturais que resistem e florescem nesses territórios. A ferrovia, que há mais de um século corta o Estado como um elo entre o litoral e o interior, é aqui entendido como um vetor fundamental na formação social, econômica e simbólica.

Crédito: Diogo Nunes
O projeto, com o apoio da Vale, dá voz aos moradores, ex-ferroviários, artistas, lideranças comunitárias e guardiões da memória, por meio de entrevistas, observações, extenso registro fotográfico e documental. Com metodologia híbrida combinando história oral, cartografia social e análise documental, o levantamento revela como as memórias individuais e coletivas se entrelaçam com as paisagens e espaços urbanos marcados pela presença dos trilhos. Clique aqui e saiba mais sobre o projeto.
Lugares, cheiros, festas, sons, ofícios e afetos são cenários que compõem o mosaico de experiências, que ajudam a compreender o passado e inspiram novos olhares. “O mais significativo na pesquisa foi a oportunidade de ter tido contato com pessoas e territórios tão diversos, ricos e plurais. Cada território tem suas dinâmicas e suas complexidades próprias, nada simples de identificar e explorar. Desafiador, mas, ao mesmo tempo, instigante,” revela Diogo Nunes, pesquisador e historiador do projeto “Estação”.

Crédito: Diogo Nunes
A disponibilização deste levantamento é mais do que uma entrega de pesquisa, se tornou convite à valorização da cultura, como um bem comum. “Na pesquisa, não se trata exatamente de achar, de descobrir, mas de ser encontrado, de colocar o corpo como algo a ser afetado pelas tramas próprias dos territórios, o que me possibilitou acesso a memórias, saberes e fazeres nem sempre óbvios no primeiro olhar. Um projeto que dá um clique na gente,” finaliza Diogo Nunes.
Ao celebrar os modos de vida, saberes e tradições que surgiram às margens da ferrovia, o projeto “Estação” promove o reconhecimento e o fortalecimento das identidades, além de estimular políticas públicas de preservação do patrimônio cultural. Memória que se compartilha, transforma e segue viagem. A idealização é pela Horus Planejamento e Gestão, por meio de recursos para a preservação da memória ferroviária, e com regulação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
*Euclides Éder
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